Agradando aos homens e desacatando as Escrituras – Parte VI

Esta é a sexta parte da série “Agradando aos homens e desacatando as Escrituras”. Acesse aqui: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV e Parte V.

Sexto Capítulo

O Rei e o Bobo da Corte – No Ângulo  Benício empalideceu. A consciência lhe diz que ele dá golpes no ar; mas a posição que ocupa sobre os demais no seu campo de influência o envaidece.

Certamente, o poder corrompe, especialmente o poder religioso.  Afinal de contas,  depois de convenientemente formatado por haver absorvido a Obra e agradando a uns e a outros da elite icemista, Benício conseguiu a cobiçada e orgulhosa posição de emissário do palácio da rainha desfigurada, ou seja: representante do presbitério.

Ele insiste com cacoetes, jargões e preconceitos religiosos; e não se dá conta de neuroses que expressam, simbolicamente, o conflito psíquico-religioso em que está mergulhado até às pontas dos cabelos. Intimamente, ele percebe que o errado é ele mas ainda não consegue quebrar o jugo da grandiloquente  heresia icemita.

Nesta posição ele pode se esconder atrás do famoso e mal interpretado: “Não toqueis nos meus ungidos”. No entanto, recobrando o que lhe resta de valentia, Benício conta o que lhe aconteceu na noite anterior:

– Esta noite eu tive um sonho. Eu enfrentava duas espadas e elas cortavam as minhas roupas velhas… pareciam trapos de andarilho… sei lá. Eu andava às escuras, exposto, faminto, nu e com muita vergonha… As espadas ardiam em fogo…

– E como você interpretou o seu sonho? – Carlos perguntou.

– Ainda não consegui o discernimento. Benício pisca e repisca os olhos. De novo! Faz uma pausa e continua: – não consultei… e acho que devo… justamente, devo levar o sonho para a reunião do Presbitério… O problema é que enfrentar os maiorais dentre os valentes da Obra deixa tenso quem vai lá… Será que as duas espadas tem alguma coisa a ver com Urim e Tumim? Será?!

– Não é nada disto, Benício, – Carlos continua, – estamos na “nova aliança… pelo sangue de Jesus”. Nada existe no sonho a respeito de Urim e Tumim. Não dependemos do cerimonial do Antigo Testamento e não dependemos de sacerdotes. O seu inconsciente está insistindo em por para fora o seu sofrimento como querendo lhe dizer que você está cego, e fraco, e infeliz, e nu.

– O que?! Justam…, quero dizer, mas qual de vocês me dá o significado das duas espadas?

– Entendo que o sonho faz sentido… As duas espadas que você enfrentava no sonho estão aqui, bem diante de seus olhos. As espadas cortam esses farrapos religiosos que escondem a falta de autoridade espiritual e de poder pentecostal. Cortam as heresias. Deus quer você livre de heresias. Deus quer você para Ele. E, pela palavra de duas testemunhas, segundo a Lei, nós o advertimos para arrependimento, confissão do pecado e cura de seu espírito. O confronto é espiritual, confronto entre a heresia maranática e o Evangelho da Verdade. O seu inconsciente lhe diz que você está sendo confrontado com o Testemunho da Verdade. Qual vai ser a sua escolha?

– Cara, isto não me atinge! Misericórdia! – Benício reage com um sobressalto, – e continua dedo em riste: – O inimigo tá amarrado!

– Benício, Marcelo intervém, – não venha com o desgastado jargão inimigo tá amarrado que de tão fraco você não amarra demônio fraquinho e sonolento…

– Eu sou ungido de Deus por imposição de mãos do Presbitério e aprendi: “Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas.” Justamente! Vocês dois estão em pecado por me acusarem de heresia… e você especialmente, Carlos, porque no líder diz: a Obra é filho único e fora da Obra não existe salvação.

– Não Benício, – com firmeza Marcelo o interrompe, – Carlos e eu não estamos em pecado por denunciarmos heresias e falarmos a Verdade em Cristo; e nenhum de nós toca na autoridade eclesiástica de alguém. Ainda que continuem nos difamando e lançando pragas, desde que rompemos com o falso profetismo que dá sustentação a essa grande heresia maranática enfrentamos perseguições. Mas nós dois ministramos o “evangelho da graça de Deus… poder de Deus e sabedoria de Deus” quer ouçam quer deixem de ouvir, pois, como você tem liberdade de crer na crença de seu mestre e exercer fé na heresia que ele prega, estamos livres para expor a nossa opinião. Mas você não admiti o medo de confrontar o erro em que está mergulhado.

– No entanto, – Carlos continua, – a mordaça do Presbitério não mais nos alcança. A Escritura declara pela boca de Jesus, o Cristo Eterno (Mt. 22.29): “ERRAIS, NÃO CONHECENDO AS ESCRITURAS NEM O PODER DE DEUS.” E diante do Sinédrio os apóstolos protestaram (At. 5.29): “ANTES IMPORTA OBEDECER A DEUS DO QUE AOS HOMENS”. Confiantemente, você se declara obediente ao monarca religioso mas claramente desobedece a Deus. Além do mais, …

Benício se exalta: – Eu tenho o dever moral de obedecer ao Presbitério porque ele anda na revelação além da letra…

Mas ouve o que precisava ouvir: – Mas nem deu atenção ao que Pedro e os demais apóstolos disseram ao Sinédrio dos judeus… e acabei de citar. Além do mais, você não exerce fé nas Escrituras e nem no poder de Deus e o pior: continua dizendo que obreiros e pastores estão obrigados a ensinar e pregar o que o mestre-primaz quer; porque o DON é imposto do Presbitério. Porém, a antiga dominação eclesiástica que os obriga a andar no centro do erro e a pregar a grandiloquente HERESIA ICEMITA. Portanto, o pior cego é o que não quer ver.

– Grandi-o-que?! Que bicho é este?

Marcelo insiste e fala mais alto: GRANDILOQUENTE HERESIA ICEMITA. Benício, esta estupidez e este orgulho não ofendem as Escrituras Sagradas? Como você conseguirá fugir de sua consciência? Para onde você vai fugir? Se você morrer nesta situação de rebeldia você estará salvo?

Benício mostra o rosto avermelhado de ódio e exclama: Eu estou na revelação e vocês dois estão na letra. Então, fechem as matracas e prestem atenção: a doutrina revelada e o estatuto da Igreja Fiel exigem nossa obediência. Justamente! Fora desta Obra, a Obra dos últimos tempos, não existe salvação… porque A OBRA É FILHO ÚNICO! A OBRA É MINHA VIDA! A OBRA É PARA VALENTES! AI DE MIM SE EU SAIR DA OBRA…

– Benício, o que você fala, mostra o quanto está fora de si – Marcelo avisa. Quanta ofensa ao Evangelho!

– Quê?! Quem está ofendendo quem? – Benício está indignado. Ele não entendeu que está dando golpes em si mesmo e o sonho se mostra claro, como um aviso ou premonição. E apela para a autodefesa: é o que não queria dizer mas não posso evitar: vocês não têm medo de serem processados e presos? Nós temos advogados, delegados juízes de direito…

– A sua Igreja tem dinheiro de sobra para pagar advogados, influência com políticos, juízes de direito e promotores de justiça, não é? – Carlos quase não se contém, e continua: – por que você está ameaçando e falando em prisão? Estamos tremendo de medo… Este é o seu último recurso para ganhar a discussão? Olha aqui, beato icemita formatado de doutrina revelada: se ser preso ainda é galardão para ser dado aos ex-maranatas que acordaram do entorpecimento da heresia institucionalizada pelo monarca, ainda temos chances, não é Marcelo?

– É isto ai, Carlos. Estamos prontos! – Marcelo respondeu e continuou:

– Benício, esta conduta ameaçadora e autodefensiva é comum entre os beatos icemitas. Conduta neurótica, especialmente na defesa da heresia que arrastou essa multidão de maranatólatras para o erro. Esta precipitação mostra você despojado de armas para dar respostas a quem lhe pede a razão de sua crença na ideologia  Obra como forma de vida, criação do mestre-primaz. Fruto de mentalidade de Obra. O sonho mostra que você enfrenta duas espadas e quanto mais se exalta mais perde… porque insiste em resistir ao Espírito Santo. Isto é exemplo da estupidez comum do fariseu hipócrita e legalista que confiava na “tradição dos homens” e insistia em resistir a Jesus, o Cristo de Deus.

– Pelas suas palavras, Benício, – Carlos frisa o que Marcelo acabou de dizer, – você acredita naquilo que o seu mestre quer que todos vocês acreditem; e, pelo que acabamos de ouvir, você nunca exerceu fé nas Escrituras, nem no poder e sabedoria de Deus. O perigo é grande, como está no Evangelho: “Ora, se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco.” Você está crendo na crença do chefe religioso e esta crença está levando os beatos para o barranco. E muitos já caíram no barranco da incredulidade… Acorda, Benício!

– O quê?! O que você está dizendo?!

– E o pior, – Marcelo arremata – você, Benício, está mergulhado em heresias. A apostasia é invenção do homem orgulhoso e rebelde, sem embargo de ser religioso; e, de sua parte o Diabo aproveita e espalha a rebelião contra o Filho do Altíssimo. A apostasia gera a falsa-unção que exige JUÍZO E MORTE! Como alguém pode participar da Mesa do Senhor sem reprovação? De Deus ninguém zomba! Dura coisa é agradar aos homens desprezar as Escrituras Sagradas. Dura coisa é agradar aos homens da liderança religiosa e recalcitrar contra a consciência entorpecida pelo fermento do maranatismo-monárquico-pseudocarismático. Dura coisa é rebelar-se contra a “nova aliança… pelo sangue de Jesus” e se fazer réu do fogo eterno. E tem mais, Benício: somente o Espírito Eterno pode convencê-lo do pecado, e da justiça, e do juízo. Mas fique avisado: se você não nasceu de novo, você não entrou no Reino de Deus.

– Claro que a cegueira de Benício chega à estupidez e ofende as Escrituras, – Carlos intervém, – pois nele a falsa unção está funcionando como “a tradição dos anciãos” enfeitiçava e entorpecia os escribas e fariseus ocultistas, os grandes inimigos de Cristo Jesus.

Ao que Benício respondeu: mas assim como eles não podiam desobedecer ao Sinédrio, de minha parte, eu não posso desobedecer ao Presbitério…

– Sem ofender, Benício, – Carlos dá o contragolpe, – você sabe que eu sou franco… mas a verdade verdadeira é a seguinte e serei transparente: tal como Saul tentou vestir a Davi na peleja contra Golias, por uma disposição da elite do palácio da rainha desfigurada você recebeu roupas de bobo da corte, roupas que nunca esconderam a sua incredulidade… mas servem para divertir os demônios, entreter os beatos e manter você cego, e nu, e pobre. E, por último, uma revelação. Será melhor que você entenda o que está escrito e inclui você (Ap. 3.18):

“Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.”

A ser continuado… (Final)

2 Respostas para “Agradando aos homens e desacatando as Escrituras – Parte VI”

  1. Keyla Carvalho disse:

    Excelente texto, merece publicação…

  2. Lilian disse:

    Estou impressionada, excelente texto.
    Fico me perguntando como pude tanto tempo estar como Benicio ?? Cego pela ignorancia de nao procurar a verdade nas escrituras…
    Obrigada

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