A Matança Católica Romana na Croácia

O Estado independente da Croácia passou a existir em 10 de abril de 1941, após a invasão da Iugoslávia pelas potências do Eixo. Ele era formado não apenas pelo território original da Croácia, mas também os territórios anexados da Bósnia, Herzegovina e Eslovênia, bem como partes da Sérvia. O novel Estado foi controlado, sob supervisão nazista, pelo Movimento Ustashe, liderado pelo notório Ante Pavelic.

Pavelic foi recebido pelo papa Pio XII em uma audiência privada em Roma, em 18 de maio de 1941. Muitos historiadores consideram esse ato como o reconhecimento de fato, pela Santa Sé, do novo Estado croata. Como supremo ditador da Croácia, Pavelic teve o apoio incondicional de seus concidadãos. Virtualmente sem demora, ele colocou em operação um programa de limpeza étnica, expulsão e conversão forçada para o Catolicismo de todos os sérvios que viviam no território sob seu controle. O objetivo dele era a criação de um Estado croata inteiramente católico romano.

No início de seu programa, o território como um todo incluía 3,3 milhões de croatas católicos romanos, 2,2 milhões de sérvios ortodoxos, uma pequena população de muçulmanos e cerca de 45 mil judeus. Por volta de 1944, todos os judeus tinham sido mortos pela organização Ustashe, ou deportados para os campos de concentração nazistas, enquanto que um grande número de sérvios — homens, mulheres e crianças — foram sistematicamente assassinados. O número total é disputado, pois não existem evidências documentadas confiáveis, porém as estimativas mais rigorosas colocam o número entre 600.000 e 900.000. Um total de 750.000 é frequentemente citado.

Em 1941, Fitzroy Maclean, que fazia a ligação militar britânica com os guerrilheiros anti-Ustashe, escreveu:

“Grupos da Ustashe percorriam as zonas rurais com facas, porretes e metralhadoras, matando homens, mulheres e crianças sérvios, profanando as igrejas sérvias, assassinando os sacerdotes sérvios, devastando as aldeias sérvias, torturando, estuprando, queimando e afogando. Matar tornou-se uma obsessão.”

Os detalhes daquilo que um comentarista chamou de “orgias de tortura” eram frequentemente tão grotescos, tão repulsivos que são inadequados para inclusão aqui.

Quando o papa recebeu Pavelic em maio de 1941, o Vaticano já sabia que ele era um criminoso e psicopata. Ele tinha sido condenado por um tribunal francês pelo assassinato do rei iugoslavo Alexandre e do ministro francês das Relações Exteriores, Barthou, em 1934, e sentenciado à morte. Entretanto, depois que ele escapou das autoridades francesas, Mussolini lhe deu asilo na Itália, em grande parte por deferência ao Vaticano. Em seguida, usando o financiamento recebido, tanto do Vaticano quanto de Mussolini, ele construiu a pavorosa organização Ustashe.

Os próprios nazistas, que gostavam de despachar de forma eficiente suas vítimas, ficaram desconcertados pelo sadismo dos membros da Ustashe, que rotineiramente torturavam e mutilavam suas vítimas aterrorizadas, algumas vezes durante horas, antes de finalmente degolá-las. Apesar da onda de carnificina genocida lançada por Pavelic, o papa se recusou a cortar os laços diplomáticos com o regime Ustashe, e até se reuniu novamente com Pavelic em 1943.

Os bispos católicos da Croácia, chefiados pelo arcebispo Aloysius Stepinac, se reuniram em um sínodo em novembro de 1941, mas se recusaram a condenar o programa de conversão forçada de todos os sérvios ortodoxos, que estava em operação desde meados daquele ano. Eles também não rejeitaram o assassinato sistemático de todos os sérvios que recusavam a conversão. Mas, com o silêncio oficial, eles deram sua aprovação tácita às atrocidades que estavam ocorrendo e ao programa vigente de genocídio, que veio a resultar na morte de cerca de 750.000 pessoas. A maior parte do clero católico da Croácia apoiou fanaticamente Pavelic e seu regime sadista inacreditável. Virtualmente todos os bispos e cléricos sêniores deram seu endosso oral à política de Estado de conversão forçada, enquanto muitos sacerdotes e monges na realidade tiveram um papel ativo e, algumas vezes, até de liderança, na matança. Pavelic chegou a conferir melhalhas aos sacerdotes e monges que agiram assim.

Cerca de doze campos de concentração foram criados pela organização Ustashe para facilitar sua campanha de genocídio. De longe, o maior deles foi Jasenovac, que, por um período de cerca de dois anos, foi administrado por um monge franciscano psicopata chamado Miroslave Filipovic. Não há dúvidas que Jasenovac está no mesmo nível que Dachau, Auschwitz e Treblinka, como um dos mais chocantes monumentos na história para a depravação e sadismo humanos. Entretanto, a maioria das pessoas hoje nunca ouviu falar de Jasenovac, principalmente por que a pressão do Vaticano para suprimir o conhecimento de sua existência tem sido muito bem-sucedida.

A Igreja Católica simplesmente não quer que o mundo saiba o que ela fez na Croácia durante o período de 1941-1944. Por exemplo, quando um respeitável historiador irlandês chamado Hubert Butler tentou, durante os anos 1960s, chamar a atenção para o papel proeminente exercido pelo clero católico e pelo Vaticano no genocídio croata, ele foi publicamente vilificado pela hierarquia católica irlandesa e acusado de ser um mentiroso.

Um Passo Sinistro Rumo a um Governo e a uma Religião Mundiais

Autor: Jeremy James, 10 de novembro de 2011.

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