As marcas da inspiração das Escrituras podem ser claramente vistas pelos olhos dos que exercem fé em Jesus; mas os homens que apressadamente marcham para a destruição podem esmaga-las sob seus pés.
Com ausência de ênfase neotestamentária ou qualquer prova histórica as obras dos pintores retratando Jesus carregando a cruz inteira pelas estreitas ruas de Jerusalém em direção ao Calvário. Obra dos pintores Medievais e da Renascença. Quanto de correção existe nisso?
De fato, não por ter nascido sob a maldição de uma lei quebrantada, mas sendo pendurado no madeiro Cristo foi feito maldição por nós (Dt 21:23; Gl 3:13).
Deus moveu homens que escrevessem Sua Palavra (2 Pe 1.21), após a ressurreição de Cristo, durante aquele primeiro século. E o fez com critérios especiais.
Entenderemos o erro dos religiosos e sua tradição começando com maior atenção aos relatos das testemunhas oculares e aos registros originais escritos em grego koine (chamados de autógrafos originais), o mais perto desses escritos quanto pudermos chegar.
Firmes neste enfoque, Mc 15:21; Mt 27:32 e Lc 23:26 mencionam a palavra σταυρὸν (substantivo, literalmente significando pendurar numa árvore e por influência da Septuaginta foi traduzido por cruz – crucis). João (19.18) escreveu ἐσταύρωσαν (verbo) cuja tradução não deu outra: crucificaram. No entanto, apesar de bem entendidos pelos leitores originais, observa-se a dificuldade na tradução desses dois termos idiomáticos, levando-se em conta que esse tipo de execução não é mais usado em nossos dias.
Fragilizado, com intensa perda de sangue depois da carga de chicotadas e intenso sofrimento físico e moral, insuportável o peso de dois lenhos ou madeiros em forma de cruz. Além do mais, os termos falam de carregar o madeiro (gr. βασταζει τον σταυρον cf. Lc. 14.27); e nunca arrastar, puxar com emprego de força por causa da inércia, como os pescadores “puxaram (gr. συροντες) a rede cheia de peixes” (Jo. 21.8). Então, temos que, com os braços amarrados ao lenho horizontal Ele carregou o madeiro nos ombros em direção ao local da crucificação (apesar do auxílio de Simão, o cireneu).
Jerusalém, a “cidade sanguinária” (Ez. 22; Na. 3) havia esquecido as causas do cativeiro babilônio e o peso da sentença que devastara a cidade e o sagrado Templo. (Como é fácil resistir ao Espírito Eterno!) O curso da História continua e a profecia se cumpre: mais uma vez Jerusalém exibe-se como a cidade sanguinária. O lamento de Jesus, com fortes cores de determinação messiânica, promoveria o registro (Mt. 23.37-39):
“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!”
Jerusalém, a cidade sanguinária que mata profetas, não deixaria que Este Profeta escapasse das garras incrédulas e mercenárias dos religiosos. Sem dúvidas, ficamos impregnados com o que aconteceu a Jesus em Sua paixão e sofrimento vicário desde o pátio da condenação, debaixo de flagelos, até o Calvário.
Mas dificuldades de tradução dos termos gregos jamais nos permitem encenar/ensinar que o condenado Jesus carregou literalmente os dois madeiros presos, em forma de cruz, como a maioria das antigas iconografias o faz. Por conseguinte, carece da mais mínima base bíblica e histórica as encenações da Semana Santa com alguém arrastando/carregando uma cruz. O apelo continua oportuno: voltemos ao que está nas Escrituras Sagradas e não ao que aparece nas tradições.
Não tem a mais mínima base bíblica Jesus carregando uma cruz pelas ruas de Jerusalém: Ele carregou um madeiro nos ombros, como está em Atos 5.30; 10.30 que registram: “O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro (gr. κρεμασαντες επι ξυλου). E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judéia como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro (gr. κρεμασαντες επι ξυλου).” A palavra grega ξυλου significa madeira, um pedaço de madeira ou qualquer coisa feita de madeira, como vemos em Dicionário Grego-Português.
Na tradição cristã aparece a expressão “carregar a cruz” (gr. βασταζει τον σταυρον – onde, por influência da Septuaginta σταυρον foi traduzido “cruz”, lt. crucis).
Nesse ponto entendemos que Ele carregou o lenho, o madeiro (σταυρον) horizontal de uns dois metros de comprimento (cerca de 60 quilos) nos ombros, porquanto o madeiro vertical estava fincado na fenda da rocha, no Gólgota. Em lá chegando, começou a crucificação: deitado de costas sobre o madeiro Ele teve atravessado os cravos entre os ossos pequenos (radial e ulna) de ambos os pulsos, um em cada punho, causando intenso sofrimento enquanto os cravos imediatamente lesavam o nervo mediano em cada pulso (com dores excruciantes chegando ao cérebro em ondas). Em meio a essa indescritível tortura Ele foi erguido até a madeira horizontal ser encaixada no madeiro vertical. Então os pés de Jesus foram atravessados por um enorme prego deixando os joelhos dobrados moderadamente.
O indescritível sofrimento de Jesus começou no Getsêmani. Encontramos em Lc 22.44: “E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.” Depois a afronta injusta e inominável, a desumana surra no Pretório da Fortaleza Antônia, centro de governo do Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos. Este é o lugar onde, instigado pelos sacerdotes, o povo desejou a morte de Jesus e aceitou a carga da maldição nesse clamor (Mt. 27.25 – KJA):
“E todo o povo respondeu:
Caia sobre nossas cabeças o seu sangue, e sobre nossos filhos!”
Pilatos lavou suas mãos. O condenado começou a caminhada de uns 800 metros até o Gólgota, lugar da Caveira, fora dos muros da cidade, levando nos ombros ensanguentados o áspero madeiro. Esforço enorme enquanto carrega o humilhante madeiro e o peso dos nossos pecados. Porém, com a perda de sangue os músculos chegaram ao limite… e Ele cai.
Por fim, as horas finais desse Glorioso Ministério com “gotas de sangue caindo sobre a terra”. Como descrever a asfixia, cãibras de dores intensas, coroa de espinhos ensanguentando a cabeça, enfartamento do coração, fome, sede e em cada esforço do Cordeiro de Deus, crucificado, o latejar dos nervos medianos nos braços esticados? E a exposição pública? E a zombaria? E o abandono do Pai?
Porém, além da expiação piedosa, milagre na Páscoa, o nosso olhar é a manhã da radiosa ressurreição de Cristo Jesus com insistente testemunho naquele primeiro século da Igreja:
“Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos testemunhas desse fato.” (At 2.32).
“Vocês mataram o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos. E nós somos testemunhas disso.” (At 3.15)
“Então, chamando-os novamente, ordenaram-lhes que não falassem nem ensinassem em nome de Jesus. Mas Pedro e João responderam: Julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos.” (At 4.18-20)
“O Deus dos nossos antepassados ressuscitou Jesus, a quem os senhores mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus o exaltou, colocando-o à sua direita como Príncipe e Salvador, para dar a Israel arrependimento e perdão de pecados. Nós somos testemunhas destas coisas, bem como o Espírito Santo, que Deus concedeu aos que lhe obedecem.” (At 5.30-32)
“Nós somos testemunhas de tudo o que ele fez na terra dos judeus e em Jerusalém, onde o mataram, suspendendo-o num madeiro. Deus, porém, o ressuscitou no terceiro dia e fez que ele fosse visto.” (At 10.39.40)
“… Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais ainda vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.” (1 Co 15.3-8)
“Portanto, apelo para os presbíteros que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada.” (1 Pe 5.1)
“De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; ao contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade.” (2 Pe 1.16)
“Mas quando chegaram a Jesus, constatando que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Em vez disso, um dos soldados perfurou o lado de Jesus com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que o viu, disso deu testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro.” (Jo 19.33-35)
“Tomé, chamado Dídimo, um dos Doze, não estava com os discípulos quando Jesus apareceu. Os outros discípulos lhe disseram: Vimos o Senhor! Mas ele lhes disse: Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei. Uma semana mais tarde, os seus discípulos estavam outra vez ali, e Tomé com eles. Apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco! E Jesus disse a Tomé: Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia. Disse-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Então Jesus lhe disse: Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram. “Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que não estão registrados neste livro.” (Jo 20.24-30)
“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada.” (1 Jo 1.1,2)
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