“Quando entrei na ICM, Igreja Cristã Maranata, eu aprendi que estava na obra de Deus. Daí, passei a ser fiel, a sentir-me privilegiada por pertencer a este grupo escolhido por Deus, a sentir orgulho da obra e a levar tudo com muita seriedade e obediência para me apresentar agradável a Deus.
Durante 30 anos, permaneci fiel à obra, fui aceitando tudo, sem questionar, porque a lição número um foi de que o mundo ensina o ABC e na obra aprendemos a OBDC.
A segunda lição foi o jargão “misericórdia”. Era bonitinho ver todos dizerem “misericórdia”, é como o “uai” do mineiro, funciona para um monte de coisa, achei legal e aderi a expressão ao meu vocabulário!
Depois, discretamente, eu fui proibida de usar calça comprida porque mulher não podia usar roupas de homem. Então, assim como o homem não usava saia e nem vestido, eu não poderia usar calça comprida. Short e bermuda dispensam explicações, não mesmo. Em nossa cultura, a calça é unissex, assim como na cultura escocesa o homem usa saia. Achei estranho, mas aceitei.
Na época, oraram pelo meu violão, consagrando-o a Deus. A partir de então, só era permitido tocar louvores da igreja nele. Era estranho consagrar o instrumento e não a minha vida, mas aceitei. Após uns anos, acabaram com isso.
Depois teve uma orientação que todo instrumentista deveria fazer um jejum de 17:00 horas até após o culto, toda vez que fosse tocar na igreja. Como eu tocava todos os dias, vivia de jejum. Achei estranho porque virou rotina, mas aceitei.
Ensinaram-me a jejuar todo domingo a favor da obra, de 00:00 horas do sábado, às 09:00 horas da manhã do domingo, “até Jesus voltar”. Muito tempo, virou costume mesmo, nem era mais jejum, eu apenas acordava, ia para a igreja e tomava café na volta. Coisa de maluco, mas aceitei.
Disseram que Deus revelou que queria as reuniões das senhoras sempre no horário das 15:00 horas, porque foi nesse horário que Jesus morreu e era nessa hora que Deus falaria com as senhoras. Loucura, mas depois de aprendida a primeira lição, OBDC, a gente deixa de pensar.
Participei de um monte em que foi revelado para que as mulheres deixassem suas bijuterias lá em cima. Abriram um buraco no chão e enterraram todas. Disseram que Deus mostrou que só era permitido usar ouro ou prata, porque representam poder e redenção. Explicaram que a bijuteria era imitação e Deus não aceita imitação porque é falso. Mais uma maluquice, ninguém questionou.
Lembro-me de outro monte no maanaim em que as irmãs enterraram suas jóias porque Deus havia revelado que era vaidade e que nosso tesouro é apenas o Senhor. Isso foi final da década de 70. Tem uma senhora da igreja que ainda chora um anel precioso que foi herança de sua mãe e que ela deixou enterrado no monte do maanaim.
Tem a regrinha de que, ao iniciar o culto, quando o pastor cumprimenta a igreja e pede para ficarem de joelhos para fazerem um clamor, ninguém pode andar mais. Se você estiver na porta da igreja ou corredor, deve ajoelhar-se ali mesmo, só depois do clamor você poderá procurar um lugar para se assentar. Essa regra é das boas. A igreja adora. Parece que Deus chegou ali naquele momento e todos ficam imóveis. Até parece que, antes do clamor, Deus estava ausente, porque a falação é de quem está em praça pública. Os maranatas criticam os pentecostais por glorificarem em voz alta. Mas na Maranata, antes do culto é uma barulheira tremenda de tanto que conversam em voz alta, mas quando o culto se inicia, ficam todos caladinhos, nada de glorificarem. É uma questão de usar a voz alta de modo diferente dentro da igreja: pentecostais usam para glorificar e maranatas para conversar.
Para amenizar a falação alta dentro da igreja Maranata, houve uma orientação para que os instrumentistas ficassem tocando antes do culto para criar um ambiente solene. Só que os instrumentistas passaram a tocar alto para abafar as vozes empolgadas nos bate-papos. E claro, tocavam mais alto e as pessoas conversavam mais alto para se ouvirem. Daí, a orientação passou a ser para que tocassem cada vez mais baixo para que as pessoas abaixassem a voz. Não adiantou. As pessoas continuavam conversando e os instrumentistas ficavam perdidos. Atualmente, ou os instrumentistas rendem-se à conversa também, ou cantam irritadíssimos para vencerem o barulho da igreja. Pronto, virou bagunça.
São muitas orientações, revelações, infinitas regrinhas. Dizem que tudo é revelado por Deus. Os olhinhos do povo até brilham para receberem regrinhas novas do presbitério. Acostumaram à dependência, gostam de ser dominados, como animais adestrados e não caminham sozinhos mais. Passaram a amar o bandido do presbitério que os aprisionam nesse cativeiro, acreditam que o fardo que colocam sobre os membros vem de Deus, através do mediador presbitério. Só que as revelações mudam sempre. O que hoje é certo, amanhã vira errado. Quão indeciso é esse “deus da maranata”!
Quando entrei para a ICM, mulher dirigia louvor. Não usavam bijuterias, apenas pequenas peças discretas, não passavam esmaltes escuros e nem maquiagens fortes, batons eram os mais clarinhos, um brilho nos lábios, hoje, “misericórdia”! O que antes era pecado, agora é praticado com abuso. Basta visitar o facebook dos membros.
Eu fui me envolvendo na obra, cercando-me de regrinhas e afastando-me da família, dos amigos, da vida. Quando acordei, havia me tornado uma pessoa que foi enganada por 30 anos. Vi tantos crimes e pecados que fiquei espantada. Não digo que a igreja tem que ser perfeita. Sabemos que igreja perfeita não existe. Os “membros” podem cometer falhas sim, arrepender, deixar de pecar, e o sangue de Jesus purifica de todo pecado.
Refiro-me ao “sistema maranata”, ao “presbitério”, responsável por dirigir a ICM, que dominam toda a doutrina. O presidente e demais administradores do presbitério dizem para a igreja que fazem tudo segundo as revelações de Deus. Mas foram presos, processados, desviaram milhões de dízimos, cometeram adultério e muito mais. Cobraram santidade da igreja, excluíram membros, humilharam pessoas, destruíram muitas vidas, e no final, mostraram que não fazem o que ensinam. Heresias, manipulação, mentiras, pecados e crimes não faltam na vida dos administradores e fundadores da igreja.
Sob essa direção eu não fiquei. Saí. Sou um ser pensante, e escolhi ser fiel somente a Deus. Não vou seguir a esses homens. Jamais poderei aceitar e conviver com o pecado, permanecendo na omissão. Quando se tem comunhão com Deus, não há espaço para heresias, mentiras, pecados, frutos das trevas.
Saí da Igreja Cristã Maranata!
Valorize o que Jesus fez por você e tudo que ele deixou escrito na Bíblia para que seguíssemos. Pare e pense. Você não pode mudar a igreja. Esta igreja foi fundada por uma família que não está disposta a mudar. O dono não é Deus. O Espírito Santo não tem espaço na ICM, ele foi substituído por uma marqueteira.
Acorda! Valorize as Escrituras, valorize sua mente, a capacidade que Deus lhe deu de pensar. Não seja fiel à placa. Seja fiel a Deus que tem prazer em lhe abençoar e libertar desse engano para que você viva na sua presença e desfrute da vida, do amor e da salvação de Deus!”
Colaboração enviada inbox