Gedelti no caixão – medo, pavor e trevas I

Apresentação

Introdução

A espontânea reapresentação do sonho

Estudo do material onírico

Quanto à antiguidade do sonho

Quanto ao chamado para pastorear a novel igreja

Conclusão

Cuida-se de apresentação, estudo e interpretação de material onírico narrado espontaneamente pelo próprio sonhante e reapresentado em vídeo (1), abrindo espaço para proporcionar momentos de reflexão sobre dissidência de igreja para organizar igreja nova e a sagrada vocação.

Levando-se em conta as diferentes relações a nível consciente-inconsciente, entendemos natural a discussão dos processos oníricos na continuidade de consciência durante o ciclo sono-vigília.

Levantam-se oportunas questões: i) A consciência além-túmulo continua demonstrando as falhas irreparáveis de alguém que não conseguirá fugir as consequências de seus erros? ii) A vocação ministerial ainda é imprescindível? iii) Como fica a questão quando alguém mergulha em ministério pastoral sem ser divinamente vocacionado?

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Gedelti no caixão – medo, pavor e trevas II

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II –

Quanto à antiguidade do sonho:

  1. a filha não foi mencionada, evidenciando ainda não haver nascido;
  2. a frase eu tinha parentes lá no ministério além de estar correta (os Gueiros aparecem destacados entre calvinistas e maçons), inclui Jedaias, o irmão que, embora teólogo, fora rejeitado para pastorear na IPB;
  3. a frase eu tinha horror àquilo lembra a dissidência e as mágoas entre os Gueiros e os presbiterianos;
  4. a frase eu estava na sala leva à casa na Rua Torquato Laranja, esquina com Rua 7 de Setembro;
  5. a frase eu te quero no ministério foi recebida como revelação; mas a pessoa que entregou a revelação eu te quero no ministério não foi identificada no material onírico;
  6. a não identificação do profeta guarda e mantém o mito e mistério;
  7. começa a dependência de misticismo, de profeta e de revelador de visões;
  8. entende o sonhador que o chamado foi na varanda velha no sítio de sua propriedade depois denominado Maanaim;
  9. este olhar consciente de quem olha através dos enquadres inconscientes de varanda velha o aprisiona às antigas disputas eclesiásticas e ódios por posição religiosa entre os presbiterianos;
  10. o material onírico é esperta e metodicamente selecionado com o olhar nos enquadres de varanda velha: ele é o dono exclusivo da varanda velha e decididamente esconde o que não quer contar e conta o que lhe interessa; olha o que quer ver e vira o rosto para o que não quer ver;
  11. o sonho parece recuar ao finalzinho da década de 1960, após a dissidência havida entre os presbiterianos e no afã de criar estatuto e formalizar registro da novel igreja;
  12. penso que o autor da revelação eu te quero no ministério foi Jonas Marques, que desde 1967 aparecia em Vila Velha e pregava sobre renovação espiritual em certa congregação da presbiteriana, no bairro chamado Cruz do Campo, dando força às suspeitas da liderança Presbiteriana.

III –

Quanto ao chamado para pastorear a novel igreja

Nota-se que

a) a anterior dissidência arrastando calvinistas para organizar igreja nova, nem de longe prova a desejada e sagrada vocação nos moldes da Teologia;

b) a renovação carismática iniciada por Jonas Marques e autorizada por Gedelti e Alcary, contrariava recomendações do Conselho da IPBVV;

c) esse “chamado” não foi revelação direta e pessoal de Deus e incentivou a dúvida, a falta de autoridade espiritual, a falta de convicção e até indisfarçado repúdio;

d) inexiste esclarecimento de como o chamado aconteceu intimamente; mas despertou interesses de liderança, de manipulação de pessoas, de organização da oligarquia e de riquezas.

O conforto-confronto do sonhante na condição estar bem acomodado nas medidas do caixão exibe a autodefesa contínua e habitual em vida, escondendo erros, evitando querelas, fugindo de compromissos estatutários-pastorais e negando transparência.

O continuado descumprimento de obrigações pastorais levou o religioso sonhante à consciente dilaceração das obras religiosas de autopromoção, em vida; e na condição de estar mergulhado em medos horríveis no reino dos mortos nada pode ser aproveitado como galardão na ressurreição dos mortos.

O fato de o sonhante nunca esclarecer o que – de fato – aconteceu na dissidência, faz parte de esconder o jogo, o que aumenta a culpa consciente, carrega o inconsciente com recalques e o leva a faltar com a verdade.

O material recalcado desperta a atenção para os trocadilhos como defesa do ego: i) não te adiantou cantares feitos e proezas em vida; ii) não te adiantou escritura de dono do Maanaim; iii) não te adiantou pregar obra revelada onde Deus foi ignorado e no mundo dos mortos Cristo não te ouvirá.

O material recalcado (antigo sonho) ressurge (insight) ao final da lição em Cantares, no Maanaim, com forte e pesado sentimento de culpa, que chega catarse: “Eu o chamei, mas ele não respondeu” (Capítulo 5).

O peso na consciência moldou o caráter e o comportamento ético-moral do religioso, arrastando outros à queda. Sendo que ele não reparou falhas, grosserias e instigação de ódio religioso, no além-túmulo só lhe resta o Juízo.

O que o religioso sonhador descreve é lido como um dado discutível, sobre o qual não se deve basear a resposta do intérprete. Por isso o especialista faz a seleção para a interpretação.

Os avisos para rever conceitos e preconceitos foram desprezados e empurrados para o fundo das lembranças, dando lugar ao aparecimento de medos de não ser reconhecido e recalques sonhante.

Para o reformador Lutero não existe nenhuma possibilidade de uma pessoa seguir para o ministério da Palavra sem o reconhecimento interno e externo da sua vocação. Então, fica determinado que a prerrogativa primordial para uma pessoa entrar no ministério pastoral é a vocação divina confirmada e os dons espirituais e ministeriais evidenciados.

CONCLUSÃO

A atual disposição na reexposição do material onírico abriu espaços inconscientes e facilitou a leitura do material consciente-inconsciente, como se fosse em cuidadosas e demoras sessões de Psicanálise, ou seja: menos ao dito do sonhante do que ao dizer.

As defesas da consciência (ego narcíseo) foram rebaixadas e os conteúdos inconscientes foram manifestos.

Assim, a consciência culpada (pesada) é destacada nos detalhes inconscientes do material onírico perturbador e recalcado pulsando pela catarse, ou seja, a liberação de emoções ou tensões reprimidas, comparável a uma ab-reação.

Estar no além-túmulo é apavorante e consciente como reapresentado pelo sonhante: lugar de desespero, horror, medo, silêncio, solidão terrível e trevas.

Não houve arrependimento, não houve pedido perdão, não houve reconhecimento dos erros e nem restituição do que foi expropriado.

No adiantado da vida o material recalcado do morto muito importante é consciente e espontaneamente reapresentado, a nos dizer com cores vivas que houve insistente e orgulhosa recusa em evitar os contratempos espirituais em que mergulhara, apesar do olhar nos contrastes e enquadres da sua varanda velha.

No fim a solidão, o terror e o vazio, porquanto o aguilhão atordoante da consciência além-túmulo continua demonstrando as falhas irreparáveis do sonhante de cujas consequências não conseguirá fugir.

(1)     https://www.youtube.com/watch?v=6TCwGNshrMo    

“O SENHOR é minha bandeira.”

CV

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