Roger Olson, teólogo arminiano
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O arminianismo ensina que todos os seres humanos nascem moral e espiritualmente depravados e incapazes de fazer qualquer coisa boa ou digna aos olhos de Deus, sem uma infusão especial da graça divina para superar as inclinações do pecado original.
“Todos os homens não apenas nascem debaixo da penalidade da morte como consequência do pecado, como também nascem com uma natureza depravada, que em contraste com o aspecto legal da pena é comumente denominado de pecado inato ou depravação herdada’’ [26].
Em geral, o arminianismo clássico concorda com a ortodoxia protestante que a união da raça humana no pecado faz com que todos nasçam “filhos de ira”. Todavia, os arminianos acreditam que a morte de Cristo na cruz fornece uma solução universal para a culpa do pecado herdado, de maneira que ele não é imputado aos infantes por causa de Cristo. É assim que os arminianos, em concordância com os anabatistas, tais como os menonitas, interpretam as passagens universalistas do Novo Testamento, tal como Romanos 5, que afirma que todos estão incluídos debaixo do pecado assim como todos estão incluídos na redenção através de Cristo. Esta também é a interpretação arminiana de 1 Tm 4.10, que indica duas salvações por intermédio de Cristo: uma universal para todas as pessoas e uma especialmente para todos os que creem. A crença arminiana na redenção geral não é salvação universal; mas a redenção universal do pecado adâmico. Na teologia arminiana, portanto, todas as crianças que morrem antes de alcançarem a idade do despertamento da consciência e de pecarem efetivamente (em oposição ao pecado inato) são consideradas inocentes por Deus e levadas ao paraíso. Dentre as que efetivamente pecam, somente as que se arrependem e creem têm Cristo como Salvador.
O arminianismo considera o pecado original, em primeiro lugar, como uma depravação moral oriunda da privação da imagem de Deus; é a perda do poder de evitar o pecado efetivo. “A depravação é total na medida em que afeta todo o ser do homem” [27]. Isso quer dizer que todas as pessoas nascem com inclinações alienadas, intelecto obscurecido e vontade corrompida [28]. Há tanto uma cura universal quanto uma solução mais específica para esta condição; a morte expiatória de Cristo na cruz removeu a penalidade do pecado original e liberou um novo impulso na humanidade que começa a reverter a depravação com a qual todos vem ao mundo. Cristo é o novo Adão (Rm 5) que é o novo líder da raça; ele não veio unicamente para salvar alguns, mas para fornecer um recomeço para todos. Uma medida de graça preveniente se estende por meio de Cristo a toda pessoa que nasce (Jo 1).
Deste modo, a verdadeira posição arminiana admite a plena penalidade do pecado, e consequentemente não minimiza a excessiva pecaminosidade do pecado e nem menospreza a obra expiatória de nosso Senhor Jesus Cristo. Ela, todavia, a admite, não ao negar a plena força da penalidade, como fazem os semipelagianos, mas ao magnificar a suficiência da expiação e a consequente transmissão da graça preveniente a todos os homens por intermédio da autoridade do último Adão [29].
A autoridade de Cristo tem a mesma extensão que a de Adão, mas as pessoas devem aceitar (ao não resistir) esta graça de Cristo no intuito de se beneficiarem plenamente dela.
O homem é condenado unicamente por suas próprias transgressões. O dom gratuito removeu a condenação original e abunda para muitas ofensas. O homem se torna responsável pela depravação de seu próprio coração somente quando rejeita a solução para ela, e conscientemente ratifica-a como sua própria, com todas as suas consequências penais [30].
A depravação herdada inclui a escravidão da vontade ao pecado, que só é superada pela graça preveniente sobrenatural. Esta graça começa a atuar em todos por intermédio do sacrifício de Cristo (e o Espírito Santo enviado ao mundo por Cristo), mas que ganha poder especial através da pregação do evangelho. Wiley, seguindo Pope e outros teólogos arminianos, chama a condição humana – em virtude do pecado herdado – de “impotência para o bem”, e rejeita qualquer possibilidade de bondade espiritual independente da graça especial proveniente de Cristo.
Porque Deus é amor (Jo 3.16; 1 Jo 4.8), e não quer que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento (1 Tm 2.4; 2 Pe 3.9), a morte expiatória de Cristo é universal; alguns de seus benefícios são automaticamente estendidos a todos (ex. a libertação da condenação do pecado adâmico) e todos os seus benefícios são para todos que os aceitem (ex. o perdão dos pecados efetivos e a imputação de retidão).
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OLSON, Roger. Teologia Arminiana Mitos e Realidades. Reflexão: 2013, p. 42-44.
[26] WÍLEY, H. Orton. Christian Theoíogy. Kansas City, Mo.: Beacon Hill, 1941, v. 2, p. 98.
[27] Ibid. p. 128.
[28] Ibid. p. 129. Nesta crença, Wiley seguiu John Fletcher.
[29] Ibid. p. 132-3.
[30] Ibid. p. 135.
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