A fábula destaca a presença do Grande Ganso que não conseguiu imitar bizarrices, cambalhotas e jeitos de Justo Melro, que inesperadamente partiu num voo e não mais voltou, deixando o viveiro de pássaros debaixo de espertezas, golpes e grasnados da família de gansos das Vozes Veladas.
Como não poderia deixar de ser, no curso dos anos Grande Ganso agredirá os diferentes, atacará os dissidentes, exigirá inquestionável obediência às cintilâncias, ficará gordo e grasnará estridente deixando doenças, doutrinas, fanfarronadas, feridas, golpes, gritos, marcas do passado, maritacas, medos, mistérios, negativas de transparência, ninhos destruídos, obrigações, ódios e pisadas do orgulho raivoso, ruinoso e sectário.
A fábula inicia com certa família de gansos se esforçando na liderança do viveiro dos Ilustres Pardais e almejando ganhar a administração para o irmão ganso; mas cansados daquela influência eles não deram ouvidos aos injustos reclamos do Grande Ganso, resultando no rompimento com o antigo viveiro. Com o bando de pássaros que o seguiram na revoada Grande Ganso procurou refúgio na toca das Vozes Veladas. Aqui começa o drama de outro viveiro, aliás o criadouro de pássaros do Grande Ganso: A Construção.
A presença do Grande Ganso é especialmente marcante na fábula. Em todo o texto ele atacará os diferentes e grasnará estridente deixando feridas, golpes, gritos, marcas, medos e pisadas do orgulho raivoso, ruinoso e sectário. Como não sabia cuidar dos pássaros que queriam voar ao sabor do vento, qual não foi a expectativa coma chegada de Justo Melro, das terras de Azuza, pássaro habilidoso que dizia entender do vento que soprava e se dispôs a ensinar tudo o que sabia das artes de voar com firulas e piruetas. Apesar de desejar imitar as bizarrices e cambalhotas do entendedor do vento, Grande Ganso não conseguiu voar. Então, recrutou alguns pássaros para imitarem o habilidoso Justo Melro, porém, dentro do plano da Construção onde chegavam pássaros de todas as cores, partes e tamanhos encantados com os cânticos e delírios do encantador de pássaros. Enquanto isso, Grande Ganso corria pela extensão de seus domínios, aos saltos, bicando, controlando, exibindo posição e golpeando com ideias mirabolantes quem estivesse pronto para obstar as orientações padronizadas. E continuou com pisadas propositalmente truculentas, até que Justo Melro não mais voltou de seu último voo, deixando o viveiro debaixo de espertezas, golpes e grasnados da família de gansos.
Apesar dessa partida inesperada, Grande Ganso deu continuidade ao que planejara: erigiu um alto mastro com bandeira exigindo amor à Construção, entender a Construção, experimentar a Construção e morrer pela Construção chegando aos gritos inflamados: a Construção é nossa vida! De tanto grasnar ordens e orientações, os pássaros do viveiro ficaram persuadidos de que nada melhor havia do que a doutrina do Grande Ganso impondo a obrigação de trabalhar, trabalhar e trabalhar pela Construção. Em benefício dos pássaros trabalhadores a Construção nada produzia, enquanto Grande Ganso construía uma poderosa e sofisticada organização controladora emitindo selos de fogo: Equivocado, Tombado e Oponente.
Grande Ganso não deixava espaço para descanso na Construção. Em seus domínios os pássaros nunca poderiam voar para o outro lado do muro e pousarem na grande árvore da floresta. Encontros com pássaros de fora do ninho eram proibidos. Mantendo o controle de tudo e de todos enquanto a Construção cada vez mais se enriquecia, Grande Ganso dividiu os habitantes do viveiro em duas classes: as aves-que-não-sabiam-voar ficavam sempre ao seu redor gozando de grande prestígio do Grande Ganso e em seu nome exercendo poder sobre os Maritacas e os pássaros subalternos; e os pássaros-sem-asas, estes sem nenhum privilégio.
Havia uma grande disputa entre os pássaros querendo ser Maritacas, exaltados como mediadores entre os pássaros e o Grande Ganso. Era coisa comum os pássaros abandonar emprego e famílias, desejando espaço e o posto de aves-que-não-sabiam-voar, perdendo a identidade pessoal para serem Maritacas.
Mantendo o viveiro ocupado com muitas tarefas, Grande Ganso entendeu que faltava maior objetivo nos fundamentos da Construção. Nesse ponto a fábula diz que Grande Ganso prometia: “Vamos trabalhar, pois um dia, como recompensa pelo nosso trabalho, todos voaremos juntos ao céu.” No entanto, aos grasnos e zangadas ele os advertia duramente: “Somente os pássaros que cortam as asas, é que um dia, voarão os céus.” Com medo de não voarem ao céu, os pássaros formavam filas para os cortes obrigatórios de asas.
Não passou despercebido do Grande Ganso certa celebração entre os pássaros que insistiam em serem criados para voar, cantando o Cântico dos Pássaros. Diz a fábula que este momento era a Cintilância. Grande Ganso aparelhou a batuta e este fenômeno passou ser usado em seu favor. No entanto a Cintilância exigia a senha secreta, de preferência na presença de Maritacas detentores do segredo do certo ou errado no assoprar de penas para o alto e de influírem em todas as áreas da vida dos pássaros, cujas interpretações nunca poderiam contrariar os fundamentos e insistentes orientações da Construção. Os pássaros podiam cantar somente os cânticos cintilados determinados pelo Grande Ganso, pois suas asas cresciam quando cantavam seus próprios cânticos; e todos eles viviam na dependência de Maritacas, de certa frase mística conjugada com lançamentos penas para o alto e de mistérios da Gruta de Ideias.
O Perfeito e Encantador Silo das Vozes Veladas foi erguido para depósitos imediatos de parte dos alpistes que os pássaros ganhavam, lugar onde Grande Ganso era bajulado pelas aves que compunham sua corte e gozava de conforto especial e proteção de certo bando de perus. E nada de prestação de contas. Outro lugar era um jardim construído para seus deleites com gordas refeições e requintes de acomodações para si e alguns da corte, sem nenhum custo; mas os pássaros eram amontoados em poleiros abafados e pagavam pelas refeições. Nesse jardim os pássaros eram obrigados a ouvir as lengalengas que enalteciam a Construção nas vozes de Grande Ganso e piadas de Avestruz Lúdico acostumado a se divertir correndo pelo viveiro destruindo alguns ninhos de pássaros, certo de da proteção de Grande Ganso. Havia uma Saracura auto-convencida de inteligência rara para o ensino das pássaras e dos filhotes amedrontados e avisados para nunca voarem além dos muros da Construção. No entanto, visto como ameaça à liderança do Grande Ganso o Formidável Alma-de-mestre com seu carisma e belo cântico foi lançado nos subúrbios do viveiro. Se havia algum canto de desagravo, incompreensão ou rebeldia, logo as aves-que-não-sabiam-voar o marcavam com três selos de fogo: era publicamente tripudiado e lançado para fora do viveiro.
Pássaro Azul procurava respostas para questões pessoais e ouviu um gorjeio tão sedutor entre os cânticos dos pássaros nos ares que deixou de ser um peregrino alado e se tornou um pássaro da Construção. Passou a questionar a exuberância de tão grande muralha evitando expressar essas angústias por medo dos selos de fogo. Finalmente apresentou–se para o corte de suas asas, não conseguindo evitar por longos dias o choro silencioso por não mais poder voar par fora do viveiro. Nessa ocasião uma linda pássara de sua espécie o encantou. Com o cortejo ambos foram à Gruta das Ideias onde as penas caíram inclinadas para cima, dando no acasalamento e dois pequenos ovos que deram duas belíssimas passarinhas; mas a dor foi grande quando levadas para o corte de suas asas. Devido à obediência e submissão às regras da Construção, eis Pássaro Azul feito Maritaca, com muitas e novas obrigações que o afastavam, cada vez mais, do convívio da família. Não duraria muito tempo e Pássaro Azul se afastaria da Construção tendo em sua companhia a amada pássara e duas passarinhas com as asas crescidas e fortes.
Passando o tempo, aconteceu que certa árvore da floresta esparramara galhos além da muralha e alguns pássaros-sem-asas e alguns Maritacas, incluindo Pássaro Azul, começaram a subir pelos galhos da árvore e logo perceberam que o telhado do Perfeito e Encantador Silo era de vidro e poderiam acompanhar as mazelas da corte das Vozes Veladas. Grande Ganso ficou furioso e ordenou que os Maritacas cortassem os galhos da árvore o que não aconteceu pois eram galhos grossos e muitos. Para piorar, como o Perfeito Silo não mais suportava tanto alpiste acumulado e sem controle, Grande Ganso começou a espalhar esses recursos conforme lhe parecia agradável e conveniente.
Por este tempo, certo Maritaca Moralista acostumado na corte do Grande Ganso, indignado com tanta perda de alpiste e sujeira no ninho, desejando mudar aquela situação e não encontrando apoio das aves-que-não-sabiam-voar, recorreu aos Majestosos Pinguins, guardiões públicos de todas aquelas terras; e estes constataram que a sujeira no ninho era muito maior do que Maritaca Moralista denunciara. Por duas vezes Grande Ganso foi afastado de sua poltrona e isolado em seu ninho particular e algumas aves-que-não-sabiam-voar foram levadas para a gaiola pública, onde permaneceram por algum tempo.
Por estes e outros fatos, a confusão era geral naquele final de quarenta anos de História dos Pássaros Cativos. Manchado notória e publicamente em sua reputação Grande Ganso buscou conselho com Borboleta Risonha, causando desconfiança e complicando mais a situação, porque esta pássara não fazia parte da corte das Vozes Veladas e não possuía a Cintilância. O que se percebeu foi Grande Ganso distraindo o viveiro, dizendo: Está tudo certo! Não satisfeito, ordenou aos Maritacas que repetissem nos ninhos comunitários: Está tudo certo! Está tudo certo! O resultado foi pássaros e Maritacas em debandada e Sabiá com o cântico de saída; e enquanto Amoroso Kero-Kero dizia ser idoso e não mais poder voar e o Garrincha Nostálgica teimou: Não deixarei meu ninho!
Por haver questionado atitudes e ensinos de Grande Ganso e defender que os pássaros deviam voar livres nos céus, a habitação natural dos pássaros, Canário Veloz, de belíssimo gorjeio e sem igual na valentia, recebeu três selos de fogo e foi depenado e lançado para fora do ninho. Sumariamente! Porém, refugiando-se na grande árvore que crescia fora do viveiro suas asas cresceram rapidamente enquanto tocava um tambor com seu forte bico. Parecia loucura aquele barulho; mas o som do tambor incomodava e muitos passaram a entender o conteúdo do código e ficavam apavorados, pois as batidas no tambor diziam respeito à sujeira em que o viveiro se encontrava. Outros pássaros voaram para fora do viveiro e se uniram ao Canário Veloz e aquele que era um tambor batendo se transformou num grande coro. Grande Ganso deu ordens aos Maritacas que espalhassem aos quatro ventos que aquele som era pernicioso e quem o ouvisse receberia os selos de fogo; no entanto, nem com distribuição de tampões de ouvidos a batida dos tambores foi impedida.
Por fim, apesar dos esforços do Grande Ganso tornou-se inútil sustentar a bandeira da Construção e tentar manter os pássaros presos no viveiro. Os pássaros revoavam e subiam em bandos, com asas firmes como quem sonha, trazendo à memória o doce sabor da liberdade outrora perdida; e do alto podiam ver “o grande muro e uma bandeira rasgada com seu mastro quebrado, além de muita sujeira em quase todos os cantos do viveiro.”
Apresento as ideias principais do conteúdo de origem na ordem em que foi escrito, deixando claro que não foi fácil resumir.
As azas de Pássaro Azul se tornaram como azas de águia.
Ganhei do Autor com dedicatória. Li, reli e resumi A CONSTRUÇÃO – A História dos Pássaros Cativos, FIDELIS, Áquila – Juiz de Fora – SIANO –2018.
A fábula é inteligente na abordagem e precisa nos contornos de fatos e de lembranças nesse viveiro, onde Grande Ganso estufa o peito e grasna o faça o que mando e não olhe o que faço.
A fábula faz pensar e pensar. Acordar é preciso. Lembra o forte vento de ondas de ventos e erros que deveriam ser confessados e evitados. O estrago está feito e não haverá mudanças.
Cada pássaro conta sua história e fábulas aparecem aos milhares…
É ladrão e salteador aquele que assume a liderança da igreja para enganar, maltratar, pisar e roubar.
Leitura obrigatória para os ficantes do ninho enquanto os retirantes recuperam a sanidade psicológica.
Lições de superação que enriquecem a trama e provoca releituras. Muitos pássaros ainda carregam as marcas das ofensas e pisadas do Grande Ganso e dos Maritacas de plantão; mas doce sabor da liberdade outrora perdida domina o despertar do pesadelo para o rompimento dos pássaros.
Não adiantou agir de má fé e distorcer frases do Livro Sagrado para enganar os pássaros. Não há limites para fábulas a serem escritas. O entorpecimento passou e os pássaros acordaram dos pesadelos.
O Grande Ganso blasfemou contra os Céus, dominou, maltratou, pisoteou e provocou sombras e vitupérios sobre si mesmo e sobre a Construção. O medo impera. O olhar caolho do Grande Ganso deixou o ninho desfalcado de ética, de moral, de paradigmas e de valores. Os Majestosos Pinguins denunciaram e publicaram erros de grande repercussão.
O muro nada significa. O ninho está em ruínas e sujo. O que resta do viveiro tem fama de que vive; mas estrebucha com cheiro de morte para morte. Os pássaros de outras terras que por acaso passam pelo viveiro, olham as ruínas e perguntam: – Esse entulho é o que sobrou da Construção do Grande Ganso?!
Os espantalhos nada respondem.
Quem é prudente, fuja do ninho sujo, não olhe para trás, rasgue as saudades e salve sua família.
…
“O SENHOR é minha bandeira.”
CV
Gostei muito,deu para assimilar muito bem com com os 29 anos de prisão e comendo alpiste do grande ganso, apesar de tudo a experiencia valeu de aprendizado para advertir os pássaros livres para não entrar nesta gaiola.
Abraço meu irmão pela coragem.
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Amado irmão em Cristo, graça e paz.
De fato, o autor foi muito feliz nessa abordagem. Esse Grande Ganso continua grasnando, apesar das sombras e vitupério em que está mergulhado, e não consegue sair.
Deixo a sua postagem de http://cavaleiroveloz.com.br/index.php/2018/09/nao-sou-conivente-com-crimes-heresias-e-pecados/comment-page-1/#comment-26973
Dez anos de Ministério ficaram na História.
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O direito de opinião tem amparo na Constituição Federal.
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“O SENHOR é minha bandeira.”
Paz.
CV.